domingo, 28 de junho de 2020

A parábola da pedra

A parábola da pedra

Autora: Daniela M. Fuschini Favaro




Em um tempo muito distante, na China, havia uma aldeia cercada de montanhas onde havia a tradição de apresentar aos discípulos, no justo momento, sua atividade de responsabilidade na aldeia.  A partir daquele momento, o discípulo se tornava responsável perante a comunidade ao realizar sua atividade.
Um dia o mestre convidou seu discípulo para assumir sua função intransferível na aldeia, o que  o fez sentir-se muito honrado.  Caminharam até a base de uma das montanhas que rodeavam a aldeia.  O mestre disse: 
- Está vendo esta pedra? Sua função será leva-la até o alto desta montanha e não deixá-la passar para o lado de lá.  Portanto, há um ponto exato que deve encontrar para sua tarefa.
Dito isso, o mestre deixou o discípulo com sua função.  Não foi fácil conduzir a pedra até o ponto exato! Era muito pesada e a cada trecho do percurso o discípulo precisava alternar manejos e estratégias para avançar e descansar quando necessário.  Até o final daquele dia, conseguiu concluir sua tarefa! E a pedra passou a noite em seu lugar exato. 
Satisfeito, o discípulo voltou para sua casa na aldeia e descansou. 
No dia seguinte, o discípulo foi contemplar sua obra do dia anterior, mas - para seu espanto - a pedra havia rolado durante a noite e estava exatamente no local onde começara sua tarefa.  Novamente conduziu-a ao ponto exato. Naquela noite, ela rolou para o ponto de partida. 
E assim passou-se o próximo ano:  todos os dias o discípulo conduzia a pedra ao ponto exato na montanha.  Todas as noites a pedra rolava até o ponto de partida.
Certo dia, quando o discípulo já iniciava seu trabalho de conduzir a pedra ao ponto exato, um conhecido da aldeia que passava a caminho de seus próprios afazeres, parou e perguntou:
- Por que você faz este trabalho de idiota?
O discípulo se assustou e perguntou:
- Como assim?
O conhecido respondeu:
- Há um ano passo aqui todos os dias e vejo você levando esta pedra.  Quando volto no final da tarde, encontro-me com você retornando desta função para recomeçar no dia seguinte.  Não vê que não está adiantando? Percebe que não muda nada?  É um trabalho de idiota!!
O discípulo ficou espantado com a observação! Decidiu procurar o mestre. 
Chegando à sua morada, foi recebido com um largo sorriso:
- Olá! O que o traz aqui?
O discípulo respondeu: 
- Mestre, tenho uma pergunta! Por que há um ano deu-me um trabalho idiota para realizar?
Espantado, o mestre perguntou o que queria dizer com aquilo.  O discípulo explicou:
- Mestre, há um ano eu conduzo todos os dias a pedra ao local exato, do modo que me explicou.  Todas as noites a pedra rola para o ponto de partida.  Então, é um trabalho de idiota! NÃO ESTÁ MUDANDO NADA.
Então o mestre compreendeu de que se tratava e abriu seu largo sorriso novamente.  E, sem dizer palavra alguma, apenas conduziu o discípulo até a frente de um espelho.  Agora foi a vez do discípulo se espantar!! Mirando sua imagem, deu-se conta de que no decorrer daquele ano, havia desenvolvido seu físico e tornara-se um homem de claros traços de guerreiro. 
O mestre então, abrindo ainda o sorriso – que apenas os grandes mestres são capazes de abrir - disse: 
- E quem lhe disse que o trabalho era para a pedra?

The parable of the stone
Author: Daniela M. Fuschini Favaro
In a very distant time, in China, there was a village surrounded by mountains where there was a tradition of presenting to the disciples, at the right moment, their responsibility activity in the village. From that moment, the disciple became responsible to the community when carrying out his activity.
One day the master invited his disciple to assume his non-transferable role in the village, which made him feel very honored. They walked to the base of one of the mountains that surrounded the village. The master said:
- Do you see this stone? Your job will be to take it to the top of this mountain and not let it pass over there. So there is an exact point that you must find for your task.
That said, the master left the disciple to his function. It was not easy to guide the stone to the exact point! It was very heavy and at each stretch of the journey the disciple needed to alternate management and strategies to advance and rest when necessary. By the end of that day, he was able to complete his task! And the stone spent the night in its exact place.
Satisfied, the disciple returned to his home in the village and rested.
The next day, the disciple went to look at his work from the previous day, but - to his amazement - the stone had rolled during the night and was exactly where his task had started. Again he led her to the exact point. That night, she rolled over to the starting point.
And so the next year passed: every day the disciple led the stone to the exact spot on the mountain. Every night the stone rolled to the starting point.
One day, when the disciple was already beginning his work of leading the stone to the exact point, an acquaintance from the village who was on his way to his own affairs, stopped and asked:
- Why do you do this stupid job?
The disciple was startled and asked:
- As well?
The acquaintance replied:
- I have been here every day for a year and I see you taking this stone. When I return in the late afternoon, I meet you returning from this position to start over the next day. Can't you see it's not working? Do you realize that nothing changes? It's an idiotic job !!
The disciple was amazed at the observation! He decided to look for the master.
Arriving at his address, he was greeted with a wide smile:
- Hello! What brings you here?
The disciple replied:
- Master, I have a question! Why did you give me a stupid job a year ago to do?
Amazed, the master asked what he meant by that. The disciple explained:
- Master, I have been driving the stone to the exact place every day for the past year, as you explained to me. Every night the stone rolls to the starting point. So, it's an idiot job! IT IS NOT CHANGING ANYTHING.
Then the master understood what it was about and opened his wide smile again. And without saying a word, he just led the disciple to the front of a mirror. Now it was the disciple's turn to be amazed !! Looking at his image, he realized that during that year, he had developed his physique and had become a man of clear warrior traits.
The master then, still opening the smile - which only the great masters are capable of opening - said:
- And who told you the job was for stone?

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