sábado, 8 de junho de 2019

O Príncipe das Estrelas

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O Príncipe das Estrelas


Num tempo remoto, num reino distante, nasceu um homem que, desde 
pequeno, sonhava possuir algo de muito valor na vida. Na sua infância 
deitava-se à sombra das árvores, imaginando...

O anil dos olhos mirando o azul do céu, passava horas a fio idealizando 
poder e riqueza. Mais que isso, ambicionava conquistar aquilo que de 
mais grandioso sabia: a natureza em todo seu esplendor... Sua vida era 
planejar o futuro. Um futuro brilhante. Perdido em devaneios, carecia de 
tempo para notar as pessoas à sua volta. 

Assim foi que passou-lhe despercebida aquela garotinha que, na espreita 
e silenciosamente, o observava, quiçá o admirando... Fato era ser belo 
este nosso jovem, e inteligente, e forte, e ambicioso. Primaveras e 
invernos passaram velozes e ele cresceu. Muito e muito lutou por sua 
prosperidade e poder...

E, de todos é sabido, que transformou-se de fato não só no mais rico, 
como também no mais poderoso e invejado Príncipe de todos os tempos, 
de todos os reinos. Suas façanhas alcançaram os sete cantos da terra. 
Tomou para si coisas nunca dantes conquistadas. 

Em uma caixinha de ouro aprisionou o mais suave canto dos pássaros. 
Com cuidado guardou no baú o fino orvalho da madrugada. Num 
recipiente de madeira acalentou um sutil raio de sol. Arquivou as 
rebuscadas palavras e os sinceros sentimentos dos poetas. 

Em uma das luxuosas salas de seu castelo armazenou as mais belas 
melodias de líricos menestréis. E, o mais assombroso, conseguiu 
aprisionar o lume das estrelas numa caixeta de cristal.

É bem verdade que o soberano passou anos felizes em seu castelo, 
alimentando-se de sua glória e fulgor... Assim foi até que um dia 
instalou-se um enorme vazio no peito.

Tinha poder e riqueza, honrarias e fama. Quase tudo com o que sonhara.
Faltava-lhe algo inefável... Sim, uma presença companheira, alguém com 
quem pudesse compartilhar o sucesso. Passeando certa vez por seus 
imensos pomares, deitou-se melancólico à sombra de uma das árvores, 
para o límpido do céu apreciar. Recordou a época em que era apenas um 
menino e almejava obter tudo aquilo que agora lhe era real... 

Subitamente pressentiu alguém espreitando-o, admirando-o, talvez... 
Olhou para os lados, vasculhou, mas nada viu. Era somente a vaga 
lembrança de uma menina travessa que sefazia presente. Teve o ímpeto 
de gritar o seu nome ? qual mesmo seria ele? ? e com ela conversar. 

Dizer de suas lutas e temores, mágoas e realizações... 
Entretanto de nada adiantaria gritar. Sua tênue memória conseguia trazer 
de volta apenas a expressão dos olhos cor de mel daquela criatura 
longínqua. 

Foi aí que percebeu, com tristeza, que nem mesmo o tremeluzir das 
estrelas em sua caixeta de cristal era tão enigmático, atraente e belo. 
Com amargura descobriu que seria o brilho daquele olhar o seu maior e 
mais valioso tesouro...

O único que, em tempo algum, preocupou-se em conquistar. Aquele que 
jamais haveria de ter. Ainda hoje, contam a história do Príncipe das 
Estrelas, como era conhecido este nosso personagem. A sabedoria 
popular acrescenta que, ao fazermos planos para o futuro, devemos 
cuidar para que neles não falte o lume dos olhos de alguém ao nosso 
lado. A trágica consequência deste esquecimento seria, sem dúvida, o 
maior de todos os sofrimentos: A SOLIDÃO 

Autor: Desconhecido


The Prince of Stars


In a remote time, in a distant kingdom, a man was born who, from

small, dreamed of possessing something of great value in life. In your childhood

he lay down in the shade of the trees, imagining ...



The indigo of the eyes, looking at the blue of the sky, spent hours on end idealizing

power and wealth. More than that, I aspired to conquer what

grandest knew: nature in all its splendor ... His life was

plan the future. A bright future. Lost in daydreams, he lacked

time to notice the people around you.



So it was that unnoticed that little girl who, in the lurking

and silently watched him, perhaps admiring him ... It was a fact to be beautiful

this our young, and intelligent, and strong, and ambitious. Springs and

Winters swiftly passed and he grew. Much and much fought for his

prosperity and power ...



And, of all it is known, that in fact he became not only the richest,

as well as in the most powerful and envied Prince of all time,

of all kingdoms. His deeds reached the seven corners of the earth.

He took to himself things never before conquered.



In a box of gold he imprisoned the softest song of the birds.

Carefully he put the fine dew of the dawn in the trunk. on one

A wooden bowl held a subtle ray of sunshine. Filed the

exquisite words and the sincere feelings of the poets.



In one of the luxurious rooms of his castle he stored the most beautiful

melodies of lyrical minstrels. And, most amazingly, he managed to

imprison the fire of the stars in a crystal box.



It is true that the sovereign passed happy years in his castle,

feeding on his glory and brilliance ... So it was until one day

there was a huge void in the chest.



He had power and wealth, honors and fame. Almost everything I had dreamed of.

It lacked something ineffable ... Yes, a companion presence, someone with

who could share success. Strolling through your

immense orchards, lay melancholy in the shade of one of the trees,

to the clear sky to enjoy. He remembered the time when he was only a

boy and wanted to get everything that was now his ...



Suddenly he sensed someone staring at him, admiring him, perhaps ...

He looked around, searched, but saw nothing. It was only the wave

The memory of a mischievous girl who was present. There was the impetus

To shout your name? What would he be? ? and with her to talk.



Tell of your struggles and fears, hurts and achievements ...

It would not do any good to scream. His tenuous memory could bring

back only the expression of that creature's honey-colored eyes

far away.



It was there that he realized with sadness that even the

stars in his crystal coffin were so enigmatic, attractive and beautiful.

With bitterness he discovered that it would be the gleam of that gaze his greatest and

most valuable treasure ...



The only one who, at any time, worried about conquering. That one that

never would have. Even today, they tell the story of the

Stars, as this character of ours was known. The wisdom

that, in making plans for the future, we should

take care that there is not a lack of light in someone's eyes.

side. The tragic consequence of this forgetfulness would undoubtedly be the

greatest of all sufferings: SOLITUDE



Unknown author

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