sábado, 16 de abril de 2016

O poeta e o oleiro

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O poeta e o oleiro


Há muito tempo, na cidade de Zahlé, ocorreu uma rixa entre um jovem poeta, de nome Fauzi, e um oleiro, chamado Nagib.
 
Para evitar que o tumulto se agravasse, eles foram levados à presença do juiz do lugarejo.
 
O juiz, homem íntegro e bondoso, interrogou primeiramente o oleiro, que parecia muito exaltado.
 
– Disseram-me que você foi agredido? Isso é verdade?
 
– Sim, senhor juiz. - confirmou o oleiro – Fui agredido em minha própria casa por este poeta. Eu estava, como de costume, trabalhando em minha oficina, quando ouvi um ruído e a seguir um baque. Quando fui à janela pude constatar que o poeta Fauzi havia atirado com violência uma pedra, que partiu um dos vasos que estava a secar perto da porta. Exijo uma indenização! - gritava o oleiro.
 
O juiz voltou-se para o poeta e perguntou-lhe serenamente:
 
– Como justifica o seu estranho proceder?
 
– Senhor juiz, o caso é simples. - disse o poeta. – Há três dias eu passava pela frente da casa do oleiro Nagib, quando percebi que ele declamava um dos meus poemas. Notei com tristeza que os versos estavam errados. Meus poemas eram mutilados pelo oleiro. Aproximei-me dele e ensinei-lhe a declamá-los da forma certa, o que ele fez sem grande dificuldade. No dia seguinte, passei pelo mesmo lugar e ouvi novamente o oleiro a repetir os mesmos versos de forma errada. Cheio de paciência, tornei a ensinar-lhe a maneira correta e pedi-lhe que não tornasse a deturpá-los. Hoje, finalmente, eu regressava do trabalho quando, ao passar diante da casa do oleiro, percebi que ele declamava minha poesia estropiando as rimas e mutilando vergonhosamente os versos. Não me contive. Apanhei uma pedra e parti com ela um de seus vasos. Como vê, meu comportamento nada mais é do que uma represália pela conduta do oleiro.
 
Ao ouvir as alegações do poeta, o juiz dirigiu-se ao oleiro e declarou:
 
– Que esse caso, Nagib, sirva de lição para o futuro. Procure respeitar as obras alheias a fim de que os outros artistas respeitem as suas. Se você equivocadamente julgava-se no direito de quebrar o verso do poeta, achou-se também o poeta egoisticamente no direito de quebrar o seu vaso.
 
E a sentença foi a seguinte:
 
– Determino que o oleiro Nagib fabrique um novo vaso de linhas perfeitas e cores harmoniosas, no qual o poeta Fauzi escreverá um de seus lindos versos. Esse vaso será vendido em leilão e a importância obtida pela venda deverá ser dividida em partes iguais entre ambos.
 
A notícia sobre a forma inesperada como o sábio juiz resolveu a disputa espalhou-se rapidamente. Foram vendidos muitos vasos feitos por Nagib adornados com os versos do poeta. Em pouco tempo Nagib e Fauzi prosperaram muito. Tornaram-se amigos e cada qual passou a respeitar e a admirar o trabalho do outro.
 
O oleiro mostrava-se arrebatado ao ouvir os versos do poeta, enquanto o poeta encantava-se com os vasos admiráveis do oleiro.
 
 
Cada ser tem uma função específica a desenvolver perante a sociedade. Por isso, há grande diversidade de aptidões e de talentos.
 
Respeitar o trabalho e a capacidade de cada um possibilita-nos aprender sobre o que não conhecemos e aprimorar nossas próprias atividades.
 
Respeito e colaboração são ferramentas valiosas para o desenvolvimento individual e coletivo.
 
 Autor: Desconhecido



Original

The poet and the Potter

Long ago, in the city of Zahle, a feud between a young poet named Fauzi, and a Potter, called Nagib.
 
To prevent the turmoil was becoming strong, they were taken to the presence of the judge of the place.
 
The judge, man of integrity and kind, interviewed first the Potter, who seemed very excited.
 
-They told me that you got punched? Is this true?
 
-Yes, your honour. -confirmed the Potter – I was assaulted in my own home by this poet. I was, as usual, working in my shop when I heard a noise and then a thud. When I went to the window I could see that the poet Fauzi had thrown a stone, violence that left one of the vessels was drying up near the door. I demand compensation! -screamed the Potter.
 
The judge turned to the poet and asked him quietly:
 
-How do you justify your odd proceed?
 
-Lord judge, the case is simple. -the poet said. -Three days ago I was going through the front of the House of Potter Nagib, when I noticed that he recited one of my poems. I have noted with sadness that the verses were wrong. My poems were mutilated by the Potter. I approached him and taught him the declamá them the right way, which he did without much difficulty. The next day, I went through the same place and hear again the Potter to repeat the same verses. Full of patience, I teach you the correct way and I asked him not to become to misrepresent them. Today, finally, I was returning from work when when passing in front of the Potter's House, I noticed that he recited my poetry by warping the rhymes and mutilating shamefully verses. I didn't hold back. I picked up a rock and broke with her one of its vessels. As you can see, my behavior is nothing more than a retaliation for Potter's conduct.
 
To hear the claims of the poet, the judge addressed the Potter and stated:
 
-This case Nagib, serve as a lesson for the future. Look for respect the work of others so that other artists respect yours. If you mistakenly thought the right to break the back of the poet, was also the poet selfishly in right to break your vase.
 
And the sentence was as follows:
 
-Determine that the Potter Nagib manufactures a new pot of perfect lines and harmonious colours, in which the poet writes one of his beautiful Fauzi verses. This vase will be sold at auction and the importance obtained from the sale will be divided in equal parts between them.
 
The news about the unexpectedly as the wise judge decided the dispute spread rapidly. Were sold many vases made by Nagib adorned with the verses of the poet. In a short time and really thrived Fauzi Nagib. They became friends and each went on to respect and admire the work of another.
 
The Potter was snatched up to hear the verses of the poet, while the poet delighted with admirable Potter's vessels.
 
 
Each has a specific role to develop towards society. So, there is great diversity of skills and talents.
 
Respect the work and the ability of each allows us to learn about what we don't know and enhance our own activities.
 
Respect and collaboration are valuable tools for the individual and collective development.
 
Author: Unknown

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